segunda-feira, março 08, 2010

Ser mulher é...


Aos 25 anos, morando sozinha, com uma faculdade concluída, uma família presente, histórias amorosas pra contar me sinto à vontade para falar sobre "ser mulher". Mas sem nenhum destes requisitos e "tendo nascido sem o instrumento fálico", como definiu certa vez Rita Lee, ou simplesmente menstruando todos os meses, também tenho a capacidade de definir o que é ser mulher. E lhes digo, quanto mais difícil e penoso parece, mas compensador e pleno é.

Ser mulher é não deixar um espelho passar despercebido e se isso acontecer uma outra alma feminina vai te tocar com no braço e com um olhar terno e voz suave perguntar "o que houve". Ser mulher é odiar e amar o sangue ao mesmo tempo, todo o mês ininterruptamente. Com vezes será mais odiado, e noutras idolatrado e festejado. É reunir muitas amigas, falar sem parar, mal escutar a voz de alguém e conseguir rir muito por isso. É oferecer paciência, ouvidos e carinho a alguém que lhe olha com tristeza a qualquer hora do dia ou da noite. É também simplesmente não querer olhar para alguém que você ama e pensar que hoje "tô que não posso olhar pra essa criatura". É chorar de amor e rir de ódio. É sofrer calada e gritar aos quatro cantos uma alegria. É estremecer de de êxtase e cegar de paixão. É vida. Mesmo na morte.

Já sofri por ser mulher ao ponto de lamentar isso. Já desejei muito não ser quando precisava com extrema urgência de uma banheiro na rua de madrugada e via meus amigos homens felizes por terem resolvido o mesmo problema. Já corei pela admiração pública das formas de meu corpo. Já odiei e amei meu corpo no mesmo milésimo de segundo. Mas quando cai a noite e, de pijama, após creme no rosto e prestes a deitar eu, quase sempre, pensei, "que bom que sou mulher".

Assim sou e assim eu serei daqui a 25 anos, com filhos e algumas coisas não tão firmes como agora. Outras mais certas que hoje. E talvez volte aqui para reescrever essa definição.

Feliz Dia da Mulher a todas às mulheres! Da mais especial na minha vida, minha vó Aurélia, passando pela cujo futuro me preocupa regularmente, minha irmã, às mulheres da minha família, às minhas amigas mais pacientes, às colegas de trabalho, às que conversei numa fila de banheiro ou de supermercado e, sem medo de dizer, principalmente à mim!

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