quarta-feira, dezembro 02, 2009

Marcelo Rospide, interino?


Me disseram que ele era bom e eu tinha minhas dúvidas. Em plena semana GreNal, mesmo ainda muito distante do próximo clássico, tive a oportunidade de conhecer o técnico interino do Grêmio, Marcelo Rospide. O encontro foi possível graças ao curso Kick Off da Perestroika, no qual já tive palestras com outras pessoas dignas de tantas coisas, entre elas, modestamente, um post no meu blog. E prometo que farei um relato de algumas dessas personalidade futebolísticas que tive contato.


Rospide foi convidado a falar sobre preparação técnica e por uma dessas "sortes" dele, minha e do pessoal da Perestroika, a data da palestra ocorreu justamente enquanto ele é um dos técnicos mais assediados do país durante essa semana, devido ao jogo que pode decidir o campeão do Brasileirão.


Rospide explicou como é feita a preparação técnica de um time de futebol. A comissão técnica escolhe um modelo ideal de jogo. Através da análise do elenco é feito o planejamento e um direcionamento sobre o esquema a ser adotado. Sobre sistemas preferidos, Rospide apenas disse que sua opção ideal é uma linha defensiva de quatro e com variações na frente. Quando da interrupção do trabalhor de um treinador, explicou que os atletas perdem tempo com a adaptação e por isso trocas não são vantajosas do ponto de vista da preparação. Ao tornar-se interino após a saíde de Roth disse que manteve o modelo praticado por Roth mais acrescentou algumas observações suas.


Adoraria falar sobre preparação técnica, e de fato o "professor" de hoje me deu muito conteúdo para tal. Mas adoro uma muvuca e vou falar sobre questões delicadas que envolvem o atual técnico do Grêmio.


Marcelo Rospide foi atleta do Grêmio, quando criança e adolescente. Desde 1993 passou a atuar junto às categorias de base e escolinha. Foi treinador dos juniores e atua na equipe profissional como auxiliar técnico desde 2001. "Na verdade auxiliar técnico também é treinador, existe mais de um técnico, só que não tem poder". Sobre sua situação atual, de interino, definiu assim: "tenho autoridade, mas não poder". Já que não pode barrar um atleta do grupo profissional, por exemplo.


Rospide parece estar tranquilo com o trabalho feito e com o futuro. "Tudo que sei é que dia 6 entro em férias (...) estou tranquilo e procuro aproveitar a oportunidade". Agora respeitado pelo torcida ele demonstra segurança no trabalho realizado "acho que deixei uma boa primeiro impressão, uma boa segunda impressão", referindo-se às duas oportunidades no ano de 2009 em que esteve como interino da equipe gremista. E acrescenta "quantos boas impressões têm que deixar para ser treinador ?".


Seu objetivo de ser treinador me pareceu claro, mas ele não demonstra pressa e nem intenção de sair logo do Tricolor gaúcho e tampouco de se decepcionar ou se sentir preterido caso a direção opte por contratar um treinador de fora, ao invés de efetivar o interino, hipótese bastante provável. "Estou há um bom tempo no Grêmio, sei como as coisas são, estou vacinado". E uma coisa que me surpreendeu, o bom relacionamento e a admiração de Rospide por aquele que, para quem como eu está de fora, parece ser o maior crítico de uma efetivação de Rospide "conheço o Meira há 20 anos e o respeito muito".


E finalmente a cereja do bolo, o jogo de domingo. Torcedores gremistas querem ver o time perder. Mas Rospide foi categórico, "o jogador que for escalado vai entrar para ganhar". Porém ressaltou que alguns jogadores podem ser poupados por desgate físico, já que o time não almeja mais nada no campeonato. Indagado sobre a repercussão pessoal que uma vitória da equipe gaúcha sobre o Flamengo pode ocasionar, Rospide disse que "já vale por essa semana", relatando o assédio que ele está vivendo por ser o treinador do jogo decisivo. "Tenho que pensar muito bem no que vou falar na preleção", confessou o técnico gremista. Defendeu o profissionalismo e explicou declarações de Souza de que o entregaria o jogo. “Perguntaram (repórteres) para ele na frente da torcida". Resumiu o pensamento dos atletas diante de uma possível retaliação da torcida gremista em caso de uma vitória do Grêmio sobre o Flamengo e título do Internacional: "uma porta se fecha, mas duas se abrem". "Se a bola picar no pé, o jogador vai chutar e fazer o gol", completou o treinador gremista.


Portanto meus amigos, o técnico atual do Grêmio, e aqui vão meus pitacos, é uma pessoa altamente capacitada para o cargo, conhecedor dos bastidores do Tricolor gaúcho, com autoridade dentro do vestiário e profissional, em outras palavras, em sua próxima preleção Rospide não vai mandar o time entregar.


Marcelo Rospide citou uma frase de Josep Guardiola, atual treinador do Barcelona e que começou interino. E é com essas palavras que encerro o post de hoje. "Desarmó el mito de la experiencia y proclamó la importancia de las ideas".

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