terça-feira, dezembro 15, 2009

Fossati e os técnicos estrangeiros no Brasil



Nesta segunda-feira, dia 14, o uruguaio Jorge Fossati foi apresentado oficialmente como técnico do Internacional. Com convicções em sintonia com a direção colorada e um currículo de peso no futebol sul-americano, o ex goleiro rejeitou uma proposta da seleção equatoriana e acertou com o time gaúcho por US$ 100 mil, cerca de R$ 175 mil mensais.

Como treinador, Fossati teve passagem pelas seleções do Qatar e Uruguai e treinou as equipes uruguaias do River Plate, Peñarol e Danúbio, Cerro Porteño do Paraguai, Colón da Argentina, Al-Saad do Qatar e LDU, do Equador. Como goleiro passou pelo Avaí e Coritiba e em times do Uruguai, Argentina, Colômbia, Paraguai e Chile.
Feitas as devidas apresentações, fica a pergunta: apostar em um técnico com experiência no futebol sul-americano pode dar certo? Ou então: será Fossati o primeiro treinador estrangeiro a treinar uma equipe brasileira e conquistar um grande título?
Apesar de ser o país do futebol, o Brasil não costuma exportar treinadores e tampouco importar. Jogadores brasileiros fazem sucesso e valem milhões no mundo todo. Poucos treinadores oriundos de nosso país conseguem sucesso lá fora. E dos estrangeiros que passaram aqui nenhum conquistou um título de grande expressão como uma Libertadores ou um certame nacional. Será essa a hora de um treinador estrangeiro penetrar definitivamente no futebol brasileiro através de uma passagem vitoriosa?
Essa parece ser a meta de Fossati. O uruguaio é o sexto treinador de outro país contratado pelo Internacional. E o quarto uruguaio. O chileno Elias Figueroa foi o último estrangeiro a comandar o Inter, no ano de 1996 e por alguns jogos. Os outros dois uruguaios que comandaram o Inter foram Ricardo Díez Santa Cruz, em 1942, Felix Magno, com uma rápida passagem em 1949 e Pedro Rocha, em 1996. Também passou pelo colorado o peruano Darío Letona, em 1946.
Díez também passou pelo rival Grêmio, que já teve técnicos estrangeiros em outras quatro ocasiões: em 1985 com José Omar Pastoriza, em 1987 com Juan Mujica, em 2003 com Darío Pereyra e em 2005 com Hugo de Leon.
No caso da dupla Grenal, Díez teve uma passagem exitosa em sua passagem pelo Inter, quando conquistou o campeonato gaúcho. Já no âmbito nacional, pode-se destacar o trabalho de Ricardo Dìez no comando Atlético Mineiro, no qual foi Campeão do Gelo em 1950 (torneio disputado com times europeus) e conquistou cinco títulos mineiros nos anos 50 (de 1952 a 1956), quebrando um recorde na época. O argentino José Poy alcançou o vice da Libertadores pelo São Paulo em 1974. O uruguaio Humberto Cabelli é considerado um dos dez maiores treinadores da história do Palmeiras. Outro estrangeiro que se destacou foi Darío Pereyra que levou o Paysandu a derrotar o Boca Juniors na Bombonera e conquistou o título mineiro pelo Atlético Mineiro. Darío foi o treinador estrangeiro que mais equipes brasileiros comandou. E o São Paulo foi o time que mais técnicos estrangeiros contratou, foram dez estrangeiros.
O maior sucesso dos técnicos gringos foram conquistas de regionais, como o paraguaio Alfredo González que conquistou o título carioca pelo Bangu e Ramon Platero que ganhou os cariocas pelo Fluminense e Vasco. A grande maioria teve passagens tímidas nas equipes brasileiras que comandaram.
Segue abaixo uma relação com os gringos que já comandaram equipes brasileiras e algumas dessas equipes. Encontrei registros de argentinos, uruguaios, dois chilenos, um peruano, um paraguaio, um português e um húngaro,
Argentinos
Ponziníbio, São Paulo (1940)
Alexandre Galán "Jim Lopes" , Portuguesa Palmeiras, Juventus, São Paulo e Corinthians, nos anos 50
Giu di Célio , Vitória (ES),
Armando Renganeschi , São Paulo (1958) e Flamengo (de 1965 a 1967)
José Omar Pastoriza , Grêmio e Fluminense em 1985
Daniel Passarela, Corinthians (2005)
 
Uruguaios
Pedro Mazzullo, Corinthians 
Ruben Delgado, Tiradentes (DF), 
Sérgio Ramirez, Bragantino, Avaí (2007) e Joinvile (última passagem em 2009) 
Carlos Viola Solo, Sport (PE)
Danilo Menezes, ABC do Rio Grande do Norte (1980)
Ondino Vieira, Fluminense (1938-1941) e Vasco (1945)
Ramon Platero, Fuminense (1919), Flamengo (1921), Vasco (1923- 1924), Palestra (SP), São Paulo (1940)
Conrado Ross, São Paulo (1942-1943), Portuguesa (SP), Guarani (SP)
Pedro Rocha, Guarani (1987), Internacional (1996)
Humberto Cabelli, Náutico, Palmeiras (1930, 1932 a 1935) e Fluminense (1944-1945)
José Poy, São Paulo (entre os anos de 1964 a1982)
Pablo Forlán, São Paulo em 1990
Darío Pereyra, São Paulo (1997-1998), Coritiba (1998), Atlético Mineiro (1999), Guarani (2000), Corinthians  (2000), Paysandu (2003), Grêmio (2003) e Portuguesa ( 2004)
 
Outras nacionalidades
O paraguaio Alfredo González comandou o Bangu (RJ) em 1966. Já o português Jorge Gomes de Lima, o Joreca, treinou o São Paulo de 1943 a 1947. O húngaro Bela Guttmann treinou o São Paulo, em 1957. E o chileno Roberto Rojas treinou o São Paulo em 2003.
Foto: Marcos Bertoncello

3 comentários:

Débora disse...

Muito bacana a matéria Anna, parabéns. Lembro que em 1996 o Inter contratou o Pedro Rocha (tb uruguaio) como técnico, tenho até autógrafo dele! Hehehe.

A bibliografia do Pedro não diz ele no Inter, mas eu lembro dele! :)

http://migre.me/eh8f
http://migre.me/eh7Y

Mau Haas disse...

muito bala o levantamento, Anna... vou fazer um plagiozinho lá no Grenalzito, ok?

Abraço

Kid Bentinho disse...

Quando você diz que os treinadores brasileiros não fazem sucesso lá fora, com certeza se refere aos grandes centros do futebol, porque nos países árabes, asiáticos e africanos, o domínio dos nossos técnicos e absoluto.

Contato

  • acmagagnin@yahoo.com.br