A Feira Ecológica da Rua José Bonifácio, próximo ao Parque Redenção em Porto Alegre, funciona aos sábados das 7h30 às 12h30. Há 19 anos no local atrai de turistas a velhos freqüentadores. Alguns minutos ali e a sensação de ser um estrangeiro numa cidade pequena pode vir à tona. “Separei uma lisa pra senhora”, avisa Jalo a uma de suas clientes cativas.
Há oito anos como feirante da José Bonifácio, o agricultor Juarez Pereira conquistou um público cativo. “Vendo cerca de 800 kg por mês”. A maior parte das variedades custa R$ 4,00 o quilo de arroz. A exceção é o arroz preto que custa em torno de em torno de R$ 20. Muitos feirantes também buscam sua renda da venda em outras feiras e para fornecedores, como restaurantes orgânicos.
Em uma propriedade de cinco hectares na localidade de Barra do Ribeiro, seu Juarez e um funcionário plantam todo o arroz que é vendido na feira. “A minha banca é a única, talvez no Brasil inteiro, que venda só arroz”, pondera o feirante. Na propriedade são cultivadas até 26 variedades do alimento. Algumas delas são vendidas na feira: cateto, farroupilha, aromático, quilombola e preto. Cateto é o arroz integral mais consumido. Já o arroz farroupilha é a variedade mais antiga plantada no Rio Grande do Sul, mas não tão conhecida pela população. “Só minha família cultiva o arroz Farroupilha há 74 anos”, afirma Juarez. O aromático é de origem indiana e cultivado por Seu Juarez há 10 anos, ao ser cozinhado exala um aroma que “lembra o cheiro de quando a pipoca está estourando”, compara o agricultor. Já o quilombola é considerado o arroz original, que “originou todos os outros arrozes”. Veio da Mongólia e foi trazido ao Brasil pelos escravos. A variedade foi utilizada nas comunidades remanescentes de quilombos e passada por Sebastião Pinheiro a Seu Juarez, que plantou 1,7 quilogramas e colheu 800 gramas. Por fim o arroz preto, de origem chinesa, que está sendo plantado a campo no país faz dois anos. Na China é o chamado arroz proibido, consumido antigamente somente pelo imperador, por ser um arroz muito nobre.
Seu Jalo é feirante em outras duas feiras. Em Cachoeirinha, nas quartas e sábados, e no bairro Menino Deus, em Porto Alegre, nas quartas-feiras pela tarde. Por mês as vendas entre todas as feiras geram um retorno de aproximadamente R$10 mil, que é dividido entre as famílias que cultivam a horta. Na horta do Seu Jalo são quatro famílias, com oito pessoas trabalhando.
No assentamento, casas simples, mas amplas e com pintura em dia. É raro não encontrar um carro em alguma delas. Para as crianças menores há uma escola de educação infantil e outra de séries iniciais, ambas mantidas pelo governo municipal. A área urbana da cidade de Eldorado do Sul fica a cerca de dois quilômetros do assentamento.
Em uma das casas o cheiro de pão perfuma o ambiente. É de Marines. “Estou fazendo este aqui em casa, por aqui temos fogão a lenha”, explica a esposa do Seu Jalo. A maior parte dos pães e biscoitos vendidos na feira é produzida num galpão por várias mulheres. “É um exercício para criar massa muscular”, brinca Marines enquanto mexe a massa do pão.
Na horta os cheiros se misturam. Logo na entrada o de esterco é forte, sacos de compostos orgânicos estão espalhados. Caminhando pelo meio das hortaliças é possível apreciar o cheiro dos chás. “Vendemos 60 unidades de chá num sábado de feira”, conta Seu Jalo.
“Dificilmente tu vai numa gôndola de supermercado e vai haver alguém para dialogar contigo sobre o alimento que tu come”, observa Anselmo Kanaan, um colaborador da feira. Uma simples constatação que pode explicar o sucesso da venda dos feirantes, todos pequenos produtores e utilizando técnicas naturais e manuais de cultivo. E também pode servir para justificar o sucesso dessas feiras que servem como ponto turístico da capital e ponto de encontro para muitos porto-alegrenses.
Trabalhando há 16 anos no local, a convite da Fundação Gaia, Seu Jalo tira o sustento da família de uma banca que possui cerca de três metros de comprimento. “Tudo vem da horta coletiva do assentamento”, avisa o agricultor. Na banca da frente, a esposa Marines vende pães. Mais alguns passos adiante Seu Juarez vende arroz integral. O movimento é grande nas três bancas. Os feirantes chegam ao local por volta das 5h45.
Há oito anos como feirante da José Bonifácio, o agricultor Juarez Pereira conquistou um público cativo. “Vendo cerca de 800 kg por mês”. A maior parte das variedades custa R$ 4,00 o quilo de arroz. A exceção é o arroz preto que custa em torno de em torno de R$ 20. Muitos feirantes também buscam sua renda da venda em outras feiras e para fornecedores, como restaurantes orgânicos.
Em uma propriedade de cinco hectares na localidade de Barra do Ribeiro, seu Juarez e um funcionário plantam todo o arroz que é vendido na feira. “A minha banca é a única, talvez no Brasil inteiro, que venda só arroz”, pondera o feirante. Na propriedade são cultivadas até 26 variedades do alimento. Algumas delas são vendidas na feira: cateto, farroupilha, aromático, quilombola e preto. Cateto é o arroz integral mais consumido. Já o arroz farroupilha é a variedade mais antiga plantada no Rio Grande do Sul, mas não tão conhecida pela população. “Só minha família cultiva o arroz Farroupilha há 74 anos”, afirma Juarez. O aromático é de origem indiana e cultivado por Seu Juarez há 10 anos, ao ser cozinhado exala um aroma que “lembra o cheiro de quando a pipoca está estourando”, compara o agricultor. Já o quilombola é considerado o arroz original, que “originou todos os outros arrozes”. Veio da Mongólia e foi trazido ao Brasil pelos escravos. A variedade foi utilizada nas comunidades remanescentes de quilombos e passada por Sebastião Pinheiro a Seu Juarez, que plantou 1,7 quilogramas e colheu 800 gramas. Por fim o arroz preto, de origem chinesa, que está sendo plantado a campo no país faz dois anos. Na China é o chamado arroz proibido, consumido antigamente somente pelo imperador, por ser um arroz muito nobre.
Para proteção de pragas e insetos, insumos agrícolas como compostos orgânicos e biofertilizantes são usados, uma prática do chamado sistema de cultivo agro ecológico. Os insumos são produzidos na propriedade e a colheita é manual, com secagem ao sol. “Eu consigo fazer todo o processo, da preparação da terra, plantio, cuidados, preparação de insumos, colheita, secagem, armazenamento, beneficiamento e transporte. E entrego aqui na feira na mão do consumidor”, ressalta Seu Juarez.
A mesma estratégia é adotada por Seu Jalo. Vivendo no assentamento Integração Gaúcha, em Eldorado do Sul, Seu Jalo vende na Feira da José Bonifácio há 15 anos. Há 17 vive no assentamento. “Nos primeiros dois anos plantávamos somente para sustento”, explica Jalo. Ao ser indagado sobre a proteção contra pragas também afirma usar somente compostos orgânicos. “Misturo esterco de todos os animais, palha, calcário, pó de rocha.”
No entanto, diz não ter muitos problemas com isso. “Com uma terra equilibrada não tem muita incidência de praga. Mais isso, claro, são mais de dez anos trabalhando na mesma terra.” Para o caso de aparecimento de insetos usa-se repelente de pimenta ou de fumo.
No assentamento de seu Jalo, vivem 70 famílias que cultivam duas hortas coletivas, arroz e produção de leite. Só na horta que seu Jalo trabalha, são oito variedades de alface, mais algumas de alho. E ainda: beterraba, vagem, aipim, tomate, rúcula, radici, espinafre, couve-flor, abobrinha, brócolis e rabanete. Também temperos e chás como salsa, pimentão, temperinho verde, alecrim, arruda, manjericão e cânfora. “Sente como a terra fofa, isto vai uns três anos para a terra estar boa para o plantio”, ressalta o agricultor.
Um sistema de irrigação com canos e torneiras, de água vinda de um açude, ajudam no cultivo, principalmente durante o verão. “Nos dias mais quentes ligamos a torneira por cinco a dez minutos, uma vez por dia”, explica o agricultor. No inverno a irrigação é usada na estufa. Em período de estiagem um poço artesiano, bombeia a água do açude. Nas casas quem abastece é a Corsan. Um túnel de plástico com lona preta protege dos fortes raios solares que já nessa época são fortes. Outra estratégia é o quebra vento, um cordão de taquareiras, que serve como proteção dos ventos para plantas e estufas.
Seu Jalo é feirante em outras duas feiras. Em Cachoeirinha, nas quartas e sábados, e no bairro Menino Deus, em Porto Alegre, nas quartas-feiras pela tarde. Por mês as vendas entre todas as feiras geram um retorno de aproximadamente R$10 mil, que é dividido entre as famílias que cultivam a horta. Na horta do Seu Jalo são quatro famílias, com oito pessoas trabalhando.
No assentamento, casas simples, mas amplas e com pintura em dia. É raro não encontrar um carro em alguma delas. Para as crianças menores há uma escola de educação infantil e outra de séries iniciais, ambas mantidas pelo governo municipal. A área urbana da cidade de Eldorado do Sul fica a cerca de dois quilômetros do assentamento.
Em uma das casas o cheiro de pão perfuma o ambiente. É de Marines. “Estou fazendo este aqui em casa, por aqui temos fogão a lenha”, explica a esposa do Seu Jalo. A maior parte dos pães e biscoitos vendidos na feira é produzida num galpão por várias mulheres. “É um exercício para criar massa muscular”, brinca Marines enquanto mexe a massa do pão.
Na horta os cheiros se misturam. Logo na entrada o de esterco é forte, sacos de compostos orgânicos estão espalhados. Caminhando pelo meio das hortaliças é possível apreciar o cheiro dos chás. “Vendemos 60 unidades de chá num sábado de feira”, conta Seu Jalo.
“Dificilmente tu vai numa gôndola de supermercado e vai haver alguém para dialogar contigo sobre o alimento que tu come”, observa Anselmo Kanaan, um colaborador da feira. Uma simples constatação que pode explicar o sucesso da venda dos feirantes, todos pequenos produtores e utilizando técnicas naturais e manuais de cultivo. E também pode servir para justificar o sucesso dessas feiras que servem como ponto turístico da capital e ponto de encontro para muitos porto-alegrenses.
Um comentário:
Well well well, ganhaste um novo leitor!!
Gostei muito do blog! Aliás, sou fã de blogs... incluirei o teu na minha rotina diária, sem dúvidas!
Beijo,
Antonio
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