Pseudocrônica vespertina

Não gosto muito do Arnaldo Jabor, mas li uma frase sua que me fez pensar: ”o verdadeiro amor é impossível, logo só o amor impossível é o verdadeiro amor ”. Ele divagou sobre isso quando falava de um filme que havia visto. Eu divaguei sobre essa frase, numa semana em que divagar é o que mais tenho feito. Depois de um domingo que me fez voltar no tempo.
Foi uma semana de lembranças. Saudáveis lembranças de um passado não muito distante, mas esses insights estavam armazenados em minha mente em algum lugar de difícil acesso, por onde há tempos não andava. E que a cada dia uma imagem diferente vem a minha mente. Um fato novo que recordo.Uma piada diferente. As “velhas piadas que voltam” como vi num filme que falava sobre reencontros amorosos. O filme era frio, mas realista e pasmem: apaixonante!
Assim como a vida. As pessoas não vivem o amor, fogem dele. Mas passam o tempo todo buscando ele. É isso que no fim faz sentido. Tanto ceticismo, tanta mágoa que algum amor causou, mesmo isso só dá vontade de mais amor. Reencontrar um antigo amor mais que lembrar de um tempo que parecia esquecido é lembrar de nós mesmos, de como já fomos felizes, até mesmo quando só tínhamos motivos para lamentar. Não me lembrava mais nem como era chorar por amor. Não me lembrava mais como era achar que toda e qualquer música que se escuta foi feita pro meu caso. Sim eu acho que sou meio egocêntrica, parece que todos os compositores fizeram suas músicas pensando em minha vida.A minha (vida), que embora me deixava feliz por tudo que tinha alcançado, agora de repente, me pareceu tão superficial. Tudo isso é muito bom, mas eu sabia q faltava algo. A rotina e a correria de cidade grande me fizeram esquecer o que faltava. Acho que por isso que gosto de cidade grande, uma maneira de fazer esquecer.

Mas, eis que, me vejo vivendo um amor, que não esqueço nem na cidade grande. Nem com lembranças ruins, nem com todos os obstáculos que se apresentam, nem assim ele parece im possível. Um amor capaz de fazer todo o resto da minha vida fazer sentido. De repente, até me vi entrando na igreja casando, considerando que ultimamente venho achando patético casar na igreja. Até imaginei como a rotina pode ser maravilhosa, por mais que eu a odeie. Acho que ela destrói os relacionamentos. Mas esse amor me faz sonhar com a rotina. Um amor capaz de me fazer sonhar longe e viajar no passado, tudo isso enquanto pego um ônibus para ir trabalhar.
Um amor que me deu um bom motivo para acordar de manhã. Um amor que (ainda) não se concretizou de todo, não como em meu mundo paralelo. O verdadeiro amor. Enfim, o amor impossível. Arnaldo Jabor estava certo!