
"Não cantarei amores que
não tenho,e,quando tive,
nunca celebrei.
"Não cantarei o riso que
não rira e que,
se risse,ofertaria a pobres.
Minha matéria é o nada.
Jamais ousei cantar algo de vida:
se o canto sai da boca ensimesmada,
é porque a brisa o trouxe,
e o leva a brisa,
nem sabe a planta o vento que a visita"
( Drummond)
Quero sentir o sangue que corre nas minhas veias. Viver intensamente, porque de outro modo não é viver. Cansei de viver de lembranças, cansei de ilusões futuras, cansei do presente que não é. Quero chorar e rir, gritar ou calar, mas quero sentir isso que sonho.Quero sentir que tenho sangue correndo dentro de mim. Quero vida, porque de divagações e delírios já vivem as novelas, os filmes(leia-se comédias românticas), os contos infantis. Quero realidade nua e crua, mas realidade, que não precisa ser escrita pra ser lembrada. Porque a vida de fato não precisa ser contada pra existir, e o que é contado só faz sentido se existir, quero mais do que alegrias pela possiblidade do amanhã.Quero mais que talvez, quero Sim ou quero Não. Se não me adianta. Quero expectativas correspondidas e quero o acaso acontecendo sem expectaviva,quero surpresas, mas não medo do que pode acontecer. Não quero ansiedade pelo que pode ser, mas angústia pelo que está sendo.Quero rir da gafe cometida e não da oportunidade perdida. Quero arrependimento da besteira dita e não raiva do silêncio na hora que o timing pedia aquela frase ensaiada há dias. Quero perder a hora de voltar pra casa, quero sair sem saber como voltar. Quero agir e depois pensar.E quero pensar o dia todo no que aconteceu antes. Mas antes que me canse de pensar,squero ser surpreendida pela velocidade do tempo. Quero ligação de madrugada e xingão pelo toque de noite.Quero ligar pra alguém só pra escutar a voz, e depois desligar fazendo aquela cara de criança que fez arte.Quero rir do tombo cometido, e não deixar de pular a poça por medo de se molhar. Quero banho de mar de noite e não casaquinho pra se proteger do frio na praia. Quero praia, sol, chuva, tempestade, só não quero é ter que ver tudo isso da janela da minha casa, sozinha, sozinha a noite.
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