segunda-feira, agosto 16, 2010

A paixão e redenção de uma final de Libertadores

Não sei se invejo ou sinto pena de quem não gosta de futebol. Quem não se arrepia com uma decisão. Quem não se emociona com um grito de gol. Quem não se cala diante do cântico gregoriano de uma torcida....não sei o que sinto sobre quem nada sente sobre isso tudo.

Acho que sou feliz de sentir tudo isso. Ver, contar e escrever sobre renda e público, sobre cartões amarelos e suspensões. Racionalizar esquemas táticos e regras de arbitragem. São motivos fúteis para fazer o cidadão respirar futebol. Soa como piada alguém trabalhar com isso e dizer que gosta. Vou contar um segredo pra vocês: eu trabalharia minha vida toda fazendo as coisas chatas de uma cobertura de futebol só para viver momentos como uma decisão de Libertadores. Só pra poder por um instante ver meu tempo parar enquanto olho um pai e filho andando no mesmo passo e com o mesmo brilho nos olhos. Ou então só pra me deliciar na crença de que um mundo onde todos são iguais é possível ao ver um desembargador chorar abraçado com um ex apenado pela conquista de um título de seu time. Não são aqueles cartolas arrogantes nem aqueles pseudo jogadores que se acham craques da bolas que fazem esse esporte valer a pena. Que torna o mais cético intelectual refém confesso do esporte das massas. Isso é o futebol, amigos!

É o que pouco se noticia. É a manchete que você só vê em dias como esses. Dias que antecedem um grande jogo de futebol. Mais um dia normal de trabalho para jornalistas e jogadores de repente vira o último dia de nossas vidas...

E pensar que ano que vem ou daqui há trinta anos, embora não saiba o será dessa blogueira, sei que poderei sentir e reescrever essas mesmas palavras. Cazuza dizia que o tempo não para, eu digo que o futebol, graças aos deuses, não para. A emoção não cessa. O choro não corrompe. A lágrima não entrega. A raiva não deprime. O futebol não para!

*Fotos: Jefferson Bernardes/VIPCOMM (site Inter)

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