segunda-feira, julho 13, 2009

No divã: O peso da toga


De uns tempos pra cá uma pergunta atordoa a minha mente: o que eu tô fazendo da minha vida? O que eu quero da vida?

Tenho pensado incessantemente sobre meu futuro. Sempre pensei, sempre sonhei. O diferente é que agora tenho pensando no futuro a partir do presente. Percebi que o meu futuro tá sendo construído agora. Já fui obrigada a amadurecer há muito tempo, bem antes do que deveria, talvez. Já tenho responsabilidades, mas é como se a partir de agora eu não pudesse mais arrumar desculpas pra não ser adulta. Eu achei que se formar geraria uma preocupação por conta da carreira que começa, do desemprego, da busca pela independência financeira, mas se formar é a garantia de que a criança ficou pra trás. A criança que eu fui ficou nas fotos e nos brinquedos que guardo. Ainda trago coisas boas daquela menina. Eu ainda tento unir e alegrar a todos da família ao mesmo tempo e, incrivelmente, consigo. Eu ainda sonho com filhos e príncipe encantado, ainda brinco de casinha e choro fácil. Eu ainda sinto cócegas. Ainda me irrito fácil. Pensando bem, ainda tenho muito daquela criança. Mas tenho que viver como adulta. Não há mais tempo para brincadeiras. Ainda se pode brincar, mas digamos que algumas coisas mudaram...

Eu me apavoro mais com o rumo que estou dando a minha vida do que com a busca por emprego que tenho que realizar depois de 7 de agosto. De uns tempos pra cá, eu venho falando que quero ter filhos. De uns meses pra cá, simplesmente não penso noutra coisa. Saber que as pessoas que começaram esse caminho comigo, que em breve termina com a formatura, já têm filhos, já tem alguém...me apavora. Não lamento por eles, mas percebo que estávamos todos no mesmo barco. O meu barco ainda parece estar atracado no porto.

O alguém? Em cinco anos de faculdade meu relacionamento mais longo durou dois meses. Apenas nos últimos meses me envolvi e falei a verdade. Como vou casar se nem sequer consigo conversar com um homem? E quando consigo, a conversa demora 15 dias pra se repetir.

Sempre tive calma, tudo acontece no tempo certo. Ultimamente tenho pressa. Minha vida corre enquanto sonho ou lamento. Não há mais tempo para erros, mas as decepções podem ocorrer há qualquer momento. E a menina da foto era segura. Eu tenho segurança de que algumas coisas vão acontecer. Os filhos e o pai das crianças é uma certeza. Me apavora não saber quando, nem por onde começar.

Me apavora não ter pra quem perguntar isso, porque na real ninguém tem respostas certas nem do futuro nem sobre minha vida. Tampouco sobre meus relacionamentos. É...depois de um tempo, os rolos passam a ser chamados de relacionamentos. Não que todo cara que a gente conhece na noite é um relacionamento, é porque passamos a só “perder tempo” com quem nos envolvemos. Tenho estado envolvida demais. E tenho pressa de ser correspondida. Tenho pressa em saber o tamanho do passo que estou dando. Tenho pressa em receber convites. Tenho pressa de viver. Isso que já estou vivendo.

Já sou adulta e não tinha percebido isso até vestir aquela toga...

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