A centenária história do clube do povo
Fundação
Uma cidade em processo de modernização. Carroças substituídas por bondes elétricos, iluminação instalada por todo o município. Fábricas de máquinas, tecidos, móveis e cerveja. Assim era Porto Alegre em 1908. Em menos de dez anos a população da cidade quase dobrara de tamanho. E três homens ajudaram a contabilizar esta estatística, os irmãos Poppe. Henrique, José e Luis eram filhos de italianos que deixaram São Paulo para ganhar a vida em porto Alegre. Deixaram em São Paulo uma paixão, o futebol. Logo montaram sua loja e estavam determinados a viver sua paixão. Foram, então, procurar lugar nos clubes da cidade. Mas Grêmio F.B.P.A. e Fussball (ambos de 1903) não aceitavam “estrangeiros”, como eram chamadas as pessoas de fora. Assim como os irmãos Poppe, outras pessoas também não conseguiam jogar futebol ou praticar esportes por não serem aceitas. Eles então decidiram formar um clube.
Reuniões dominicais em uma pequena sala, que com o passar das semanas foi ficando pequena, selou o destino do novo clube praticante de “foot-ball”, como era escrito o esporte na época. Estudantes e empregados do comércio fundaram no dia 9 de abril de 2009 o Sport Clube Internacional. Uma agremiação onde qualquer pessoa, oriunda ou não da capital gaúcha, pudesse participar. Passados 100 anos e a democracia ainda é um princípio do Internacional.
A primeira divisão do grupo surge. Enquanto alguns defendiam o vermelho e outros o verde. A primeira remetia à escola de samba Venezianos e a segunda aos Esmeraldinos. Venceu a cor vermelha. Quanto ao nome, a versão mais aceita é de que tenha sido inspirada em um clube paulista de mesmo nome, e pelo qual os irmãos Poppe jogaram. Em 1908 o Sport Club Internacional de São Paulo foi campeão paulista.
As primeiras conquistas
A partir de 1910, o Inter passou a disputar o campeonato entre os times da capital. E em 1927 o Inter conquista seu primeiro título estadual. No ano seguinte, o clube esteve próximo de fechar. O dono da chácara dos Eucaliptos decidiu vender o terreno e o Internacional não tinha condições para comprar a área. O engenheiro Ildo Meneghetti promoveu uma campanha de arrecadação e o Inter passou a ter sua própria sede. Em 1931 o Estádio dos Eucaliptos foi inaugurado e foi a casa colorada até o ano de 1969.
A partir de 1926, outro fato que viria a marcar o Internacional. O colorado passou a aceitar jogadores oriundos de ligas como, a liga das canelas pretas, onde só jogadores negros participavam. A abertura do Inter em relação a negros e classes sociais não aceitas em outros clubes da cidade lhe rendeu o apelido de Clube do Povo.
Rolo Compressor
Na década de 40 o Internacional formou um time bastante ofensivo que foi chamado de Rolo Compressor. Em nove estaduais disputados, o colorado venceu oito. No time, haviam jogadores como Tesourinha e Carlitos. Em 1945 o clube tornou-se o primeiro hexa campeão gaúcho. Nesta época uma figura lendária marca o clube, Vicente Rao, o primeiro rei momo de Porto Alegre. Criador da expressão “rolo” ele ficou conhecido por ser um animador da torcida. Foi na época do Rolo Compressor que começaram a aparecer as grandes bandeiras e a festa para a entrada do time em campo. A primeira torcida organizada do Brasil surgiu ali.
Nos anos 50 o estádio dos Eucaliptos trocou as arquibancadas de madeira por concreto, com recursos provenientes de arrecadações entre a torcida. O estádio do Eucaliptos sediou jogo da Copa do Mundo de 1950, realizada no Brasil. Nesta década se destacou a dupla Bodinho e Larry no ataque colorado. Em 1954, na inauguração do estádio Olímpico, o Internacional goleou seu rival por 6X2 com quatro gols de Larry. No Pan-Americano de 1956 a seleção brasileira teve como base o time do Inter. Dos 22 jogadores, oito eram colorados. E a seleção conquistou o Pan disputado no Chile. No final dos anos 50, outro marco do Internacional surgira, seu hino. O clube promoveu um concurso, mas nenhuma das letras satisfez a torcida. Em uma tarde de sofrimento, Nelson Silva escreveu aquela que seria a música dos colorados. Carioca e morador de Porto Alegre, ele acompanhou o desempenho ruim do colorado no campeonato de 1957, ao mesmo tempo que esquecera de um compromisso com a namorada. Nasceu naquela tarde triste o “Celeiro de ases”, o hino colorado.
Do tamanho do Brasil
Até os anos 60 a presença de clubes fora do eixo Rio-São Paulo era quase nula no cenário do futebol brasileiro. Em 1967, o torneio Rio/São Paulo foi estendido a clubes do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraná. O colorado terminou em segundo lugar e foi o primeiro clube a vencer em São Paulo.
No ano de 1969 nasce o Gigante da Beira-rio. Um terreno doado pela prefeitura em 1956 marcou o início da construção. Como a área era dentro do Guaíba, as primeiras estacas foram fincadas em 1959. Colorados de todo o estado traziam tijolos e material para a construção do estádio. Campanhas nas rádios mobilizavam os torcedores. No dia 6 de abril de 1969, em um amistoso contra o Benfica de Portugal, Claudiomiro marca o primeiro gol do Beira-rio, cujo nome oficial é José Pinheiro Borda, em homenagem ao engenheiro que começou a construção mas não a viu concretizada.
Os anos de 1970 foram marcados pela hegemonia do Inter no cenário nacional. O time conquistou o tricampeonato brasileiro com os títulos de 1975, 1976 e 1979 (no qual foi campeão de forma invicta). No plantel jogadores como Figueroa. Manga e Falcão. Os técnicos que comandaram as conquistas foram Rubens Minelli e Ênio Andrade. Em 1980, o colorado foi vice-campeão da Copa Libertadores.
Em 1984, para representar o Brasil nas Olimpíadas, todo o time do Inter foi convocado. O time conquistou a medalha de prata nos Estados Unidos.
Em 1989 o Internacional disputou o Grenal do século. O jogo valia uma vaga na final do Campeonato Brasileiro e vaga na Copa Libertadores. Ao final do segundo tempo, o Inter tinha um homem a menos e perdia de 1x0 no estádio Beira-rio. O centroavante Nilson marcou dois gols e selou a vitória colorada na primeira passagem de Abel Braga pelo clube.
Em 1992 o Internacional conquista o quarto título nacional ao vencer a Copa do Brasil. A década de 90 ainda marcara a retomada no cenário estadual com a conquista do título gaúcho em 1991, 1992, 1994 e 1997. Em 1997, a conquista foi em cima do rival. Em pleno estádio Olímpico o colorado faz 5x2 no grêmio e conquista o título, destaque para a atuação de Fabiano Cachaça.
Novos tempos
No século 21, o Inter passou por uma fase de modernização, que inclui uma aposta nas categorias de base e a retomada da hegemonia estadual (2002, 2003, 2004 e 2005) O time volta a disputar competições internacionais. Em 2004, o time comandando por Muricy Ramalho eliminou seu rival Grêmio da copa Sul Americana, mas parou nas semifinais ao perder para o Boca Juniors. Em 2005, novamente o colorado foi parado pelo Boca, desta vez nas oitavas. Neste mesmo ano o time gaúcho foi vice-campeão brasileiro em um dos campeonatos mais polêmicos dos últimos tempos.Uma decisão do tribunal esportivo anulou partidas. Há quem diga que se tal anulação não tivesse ocorrido o Internacional seria campeão, pois o time liderava antes da polêmica decisão.
O melhor ano de todos
Mas em 2006 a torcida deixaria para trás a mágoa do vice-campeonato para viver suas maiores glórias. O time volta a disputar a Copa Libertadores da América depois de 13 anos. Contando com um apoio maciço da torcida que, com o passar da competição, cada vez mais lotava o estádio. Associações tiveram que se ser suspensas por um tempo. O Internacional passa por equipes como Nacional (seu algoz em 1980) e LDU (time que foi base da seleção equatoriana). Na final encontra o campeão mundial São Paulo. E em uma atuação arrasadora no estádio Morumbi derrota o grande favorito com dois gols de Rafael Sóbis (jogador formado nas categorias de base). No jogo de volta, em um Beira-rio com 57 mil pessoas, conquista pela primeira vez o título de campeão da Libertadores. Jogadores como Bolívar, Eller, Fernandão, Clemer, Alex e Edinho entram para a história do clube. Comandados por Abel Braga e pelo presidente Fernando Carvalho, milhares de colorados comemoram pela primeira vez na sua vida um título de expressão. A conquista selou o passaporte para disputa do Mundial de clubes do Japão.
O Mundial
No Japão, o Internacional vence com dificuldade o egípcio Al-Ahly com gols de jogadores formados nas categorias de base, Pato e Luis Adriano. Na final, o favorito e milionário Barcelona, que havia conquistado sua vaga em uma vitória fácil sobre o América do México, por 4 a zero. Os galácticos tinham no time estrelas como Deco, Puyol, e o melhor do mundo, o ex-gremista Ronaldinho Gaúcho. O time comandado por Abel Braga faz uma forte marcação que segura o time catalão. No segundo tempo, momentos dramáticos para os colorados. O zagueiro Índio sangra em campo, Fernandão lesionado. O capitão não resiste e no seu lugar entra o contestado Adriano Gabiru. Aos 36 minutos da etapa final, um lance que mudaria para sempre a história do clube gaúcho. Índio tentando se livrar de Ronaldinho Gaúcho lança para o meio campo, Luis Adriano recebe, Gabiru cabeceia e devolve para Luis Adriano que lança a Iarlei. Luis Adriano e Gabiru partem em velocidade pelos lados, enquanto Iarlei voa no meio, enfrentando a marcação do time catalão. Ele dribla e lança Gabiru que marca o gol mais importante da centenária história colorado. O Internacional derrota o Barcelona e sagra-se campeão do mundo.
No ano de 2007 o time não faz boas apresentações. Em 2008, o clube conquista a Dubai Cup, nos Emirados Árabes, vencendo times como Stugart e Inter de Milão. No segundo semestre, o Inter foi o primeiro time brasileiro a conquistar a copa Sul Americana, tendo eliminado durante a competição o rival e o argentino Boca Juniors, com vitória em plena Bombonera. Com o título, o Internacional conquistou todas as competições possíveis para um clube de futebol.
Em 2009, o clube completa 100 anos e o resto da história....bem esta história ainda está sendo escrita... Obs: As fotos antigas foram obtidas pelo colorados Pedro Laus Simas, que as disponibiliza na internet. A foto do gigante e da conquista da Libertadores são do site do Internacional. A foto de Dubai é de autoria desta blogueira.
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