quarta-feira, janeiro 21, 2009

Anna By Anna - Feliz 21 de janeiro!

Têmis, Deusa grega da justiça


O artigo 5º , VI, da Constituição Federal diz “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”. No entanto, no dia 21 de janeiro de 2000 uma mãe de santo faleceu após ser espancada por fanáticos religiosos. Desde abril de 2007 o dia 21 de janeiro é o Dia Nacional de Combate a Intolerância Religiosa.

Aparentemente mais uma medida irrelevante na vida dos brasileiros diriam alguns. Líderes religiosos das mais diferentes correntes aprovam a data e desde 2008 costuma realizar manifestações alertando a população quanto a Intolerância religiosa. Tais manifestações devem marcar o dia de hoje.

Mas não é necessário ser nenhum líder religioso para saber que a discriminação religiosa existe no país. Basta seguir uma crença diferente do convencional. Tudo começa na família. A pessoa se cala quando o assunto é religião. Depois segue no emprego, o assunto não é comentado. E nessa clausura o cidadão professa sua fé.

Enquanto católicos podem folgar nos seus dias santos, milhares de outras pessoas não têm o mesmo direito. Datas importantes devem ser celebrados antes ou depois, porque no referido dia é uma dia útil. Soube que na UFRGS professores ficam dispensados durante os dias sagrados de suas religiões. Por duas vezes professores judeus não deram aulas por estarem professando sua fé. Bela iniciativa da instituição de ensino. Uma maneira discreta e extremamente útil de celebrar o estado laico.

Mas, ignorando aquelas profissões em que feriados não existem (vide jornalista e médico), a maioria dos profissionais se não for católico mal pode celebrar sua fé. Os praticantes da Umbanda celebram muitos de seus dias, como o feriado dos Navegantes. No entanto, lembremo-nos que o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa existe porque uma mãe de santa foi morta na Bahia. Estado que todos nós ligamos a religião de origem africana.

Os praticantes de umas das crenças mais celebradas no país ainda são chamados de macumbeiros. E rotula-se da mesma maneira praticantes do xamanismo, magias, wicca, entre outros.

Outro rótulo extremamente preconceituoso é chamar religiões de seita. Conversava com meu avô esses dias sobre minha crença, comecei a falar e ele disse “isto é seita não religião”. Falava com um homem sábio e profundo conhecer das leis. Mas dentro da minha própria casa não posso falar sobre minha fé. Recordo também de uma vez em que comentava com uma tia, também muito culta, sobre minha desilusão e desconforto com a religião que praticava. Ela disse “isso passa, é uma fase”. Tudo que pensei foi, que, se um dia um filho me dissesse isso, eu o estimularia a procurar um caminho que lhe trouxesse conforto espiritual. Acho que foi aí que decidi não batizar filhos, quero que eles escolham sua religião. Isso eu já falei com minha família e eles esbravejam que eu deveria rever minha decisão. E vocês ainda acham que intolerância religiosa não existe no Brasil.

A verdade, é que só estou falando disso hoje porque sinto na pele, cotidianamente, o que é professar sua fé calada. Felizmente, conheci mais pessoas que seguem o mesmo caminho espiritual que eu e hoje falo disse no blog e amigos mais próximos já sabem de minhas crenças. Até nos encontros amorosos já falo disso, é verdade que, ultimamente só conheci homens interessantes.

Não importa a crença, não importa a religião, ou o nome que demos para nossa fé. O importante é que todos possamos encontrar um caminho espiritual que nos faça bem. Nos faça querer bem e nos traga alento nas horas difíceis. E que daqui a vinte anos esse dia seja lembrado por todos com o mesmo respeito que lembramos de nossos amigos “diferentes” religiosamente.

Que assim seja, e assim se faça se for para o bem de todos!”

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