Por volta das 7h30 desembarcamos em Jonhansburgo. Estava frio, havia chovido e a temperatura caiu. É primavera, como no Brasil. Mas as semelhanças não param por ai .
Num breve passeio pelo centro da cidade pude, por horas me sentir em Porto Alegre , na Voluntários. muitas lojas de tamanho pequeno, muita gente, camelos nas calçadas. Passando pela parte histórica, um pouco mais de Porto Alegre, Andradas e Glênio Perez talvez. A população, no entanto, é na sua enorme maioria negra. Na África do Sul cerca de 75% da populacao é negra, contra 15% de brancos e o restante divide-se entre muçulmanos, indianos e europeus. Só portugueses são 200 mil. Os árabes tem muitas lojas e concentrados numa quadra no centro. As mulheres carregam as crianças pequenas nas costas enroladas num cobertor, uma espécie de canguru mas com a bolsa atrás. As pessoas carregam pesos, como malas, pacotes e também baldes, na cabeça. E no trânsito mão inglesa.
O breve passeio mostrou os contrastes gritantes. Numa quadra muita gente, negros e muçulmanos em ruas apertadas e sujas. Em outra quadra, construções faraônicas com janelas de vidro grandes. Poucas pessoas nesses locais, com um detalhe relevante: praticamente só brancos. Existe um acordo para que em 2014 até 30% da riqueza do país esteja nas mãos de negros.
A África tenta progredir. O aeroporto esta em reformas para a copa de 2010. E do ponto de vista legal é um país mais progressista que o Brasil. É legalizado o aborto, o jogo, a pornografia e o casamento gay. Não se sabe até que ponto a população estava pronta para esse tipo de abertura, iniciada em 1994. Mas tais medidas num país onde a televisão só chegou em 1976 é uma clara demonstração de busca do desenvolvimento. E um dedinho de Mandela. O desemprego atinge 42% da população. Nas sinaleiras pessoas pedem dinheiro em canecas de louca. Outros ficam nas calçadas a espera de alguém que contrate serviços gerais. A peculiaridade vai para os jardineiros. Eles cuidam de canteiros da cidade, como forma de mostrar seu trabalho e depois vender seu servico. Esses humildes africanos nos ensinam como combinar marketing e cidadania. Esta que falta para tantos outros, que ocupam prédios abandonados e vivem sem eletricidade e água.
A segurança pública e o transporte coletivo são quase imperceptíveis aos turistas. A AIDS fez 2 milhões de crianças órfãs. Num país onde a reserva de carvão é de 300 anos. E o ouro ainda existe em grande quantidade.
África do sul, um país que deixo com o gostinho de quero mais. Tão parecida e ao mesmo tempo tão diferente do Brasil.
Um comentário:
o rodrigo me disse que tu não foi viajar a trabalho, mas bom jornalista é assim mesmo. muito bom mesmo o relato sobre a áfrica.. que merda, precisa de uma copa do mundo pra quererem melhorar alguma coisa, nem que seja pros olhos dos turistas e pros bolsos deles.. tirou foto dos jardineiros? bj, fernando
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