Procurei na farmácia um remédio pra dor de cabeça. Cheguei no balcão e pedi “moça me dá um analgésico”.Levei o mais barato pra casa. Mas vi que um analgésico não resolveria. Aí percebi que andava muito irritada. “É tpm”, pensei. Procurei algo que me acalmasse.Um suquinho de maracujá, quem sabe.O suco tava delicioso, mas só me deixou mais entediada ainda.Tava me sentindo feia, resolvi mudar o corte de cabelo. Ficou lindo é verdade, mas ainda havia uma feiúra no reflexo do no espelho. “Tô precisando de novos ares”, pensei. Resolvi viajar. Um findi na praia tudo de bom. Andei muito como de praxe, caminhar na beira da praia sempre me fez bem. Mas enquanto caminhava vi que trouxe muitas coisas de casa comigo. Meus problemas estavam comigo. Não são muitos.Acho que é um só. Não sei bem se é problema. Já acreditei ser solução pra tudo na vida. Mas era a causa da dor de cabeça. Da irritação. Do tédio, que imaginei ser culpa do suco de maracujá, que queria curar a irritação, que veio depois da dor de cabeça, que veio depois da solução...da suposta solução. E tentei não fugir desse ciclo vicioso (há horas não usava essa expressão), viajando. Em busca de uma fuga. Em busca de um analgésico pra minha vida. E ele não tava na farmácia, nem na praia. Nem no mar. E olha que o mar é grande. O mar é a própria tradução da palavra liberdade. Mas não me libertou do que eu queria fugir. Porque há coisas que não tem fuga. E descobri um novo tipo de dor de cabeça, que não tem cura.E que, pasmem, eu não quero que acabe. Porque essa dor que me entendia, também me faz lembrar que tem um coração batendo aqui dentro E que a vida não se resume a extratos bancário e crachás de identificação. Essa irritação me lembra que não posso perfeita, por mais que almeje isso todo dia. E que existem coisas que sem esforço nenhum, e aqui não estou exagerando, sem esforço nenhum mesmo, há coisas que mexem com meus nervos. Essa “doença”, que eu pensei ser tpm, me torna mais humana, mais vulnerável e incrivelmente frágil. E ridiculamente sensível Essa doença tem nome e não é em latim. A cura pra ela não ta na farmácia da esquina. Tá em algum lugar do tempo que passou, e que eu perdi em alguma esquina. Ta numa escolha errada que eu fiz.Tá na confiança ingênua e ridícula (melhor aplicação da palavra nesse texto) que eu depositei em alguém. Tá na ilusão que eu ainda alimento todo o dia. A minha máscara caiu sim. Caiu diante de mim, na frente do espelho. Na real caiu na frente de outra pessoa, da pessoa mais indicada pra isso. Que tá acostumada me ver sem máscaras, já me viu perder tanta coisa por aí, incluindo aquelas que não recupero mais (eu nem queria mesmo...oh yes taradinhos).A máscara caiu pra quem tinha que ver ela caindo, mas não viu. E nem me vê. E assim não há analgésico no mundo que acabe com a dor.
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